quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Sede | Thirst — Poema de Pedro du Bois e tradução de Marina du Bois


Porque da sede somos o cantil repleto 
temos deveres e direitos em obrigações 
diversas dos outros que são a seca
no copo vazio onde não aplacam iras
nem votos declarados como prática
da ética: infiéis procuram nas luas
sinais externos de que a vingança
se fará breve e ilusória na hora
em que apenas o sonho for visto
sobre dunas em águas salgadas

meu barco não será seu barco
nem nosso o impulso dos remos
que nos levará as terras opacas
entre espelhos foscos
e o cantil estará pela metade

instante em que nos vemos
sem entendermos as razões
além das órbitas e rotações

por ciúme derramamos o líquido
sobre as faces que na sede
temos o cantil vazio: em areias
encalhamos o barco ao fazermos
as mãos destrançadas em ritmos
e gestos de até logo.

Pedro du Bois



Thirst
  
As we are the full cantel for the thirst
we have duties and rights in different
obligations from the others who are the
drought in the empty glass where they
do not placate ehtics wraths or declared vows
as ethics’ practice: infidels seek on the moons
external signs that revenge will become brief
and illusory at the time that only the dream
is seen above dunes in salt water

my boat will not be your boat
nor ours the impulse of oars
which will take us to opaque lands
between frosted mirrors
and the cantel will be in half

moment that we see ourselves
without understanding the reasons
beyond the orbits and rotations

out of jealousy we pour the liquid
on the faces that on the thirst
we have an empty cantel: on sands
we run aground the boat as we do
with untied hands in rhythms
and gestures of good-bye.

Marina du Bois

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