segunda-feira, 27 de maio de 2019
poema náutico
Eu nunca percebi que estava sedado
até, sedento de vida,
enforcar-me nas cordas que ancoravam
um veleiro estacionado.
Rizei o tempo e o frio.
Ora sou deles amigo, com algum temor de traição
inato a quem deseja, mas não ama.
Não sinto o gosto da chuva
apenas o leve temor de morte pneumônica
que, por oculta circunstância,
o trovejo reverberado n’alma aviva.
Escapai, pássaros, para suas ilhas e segundas-feiras sem nome!
Bicai suas presas, forjai sua liberdade, emergida soberana
ao menor tom de ameaça.
O vento permanece soprando para a pedra
e para os cabelos do homem
Não é mensageiro de nada
senão de uma brisa seca que antevê
a rotação das temporadas.
Clidevar Araujo
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