segunda-feira, 6 de maio de 2019

Soneto de ilusão


Para Dilia

Meia-noite. Embriagado pelo vinho,
– O quarto esfumaçado de cigarro –
Com náuseas, e vertigem, meu caminho
Eu tomo para a cama, e tão bizarro

Se torna este caminho, que engatinho,
Ébrio das sombras, vítima do esbarro,
Pelos cantos do quarto... E então, sozinho,
Caio no chão, e um livro antigo agarro.

Uso-o tal travesseiro velho e duro.
Sonho. E no sonho o sonho me recorda
Daquele livro antigo que seguro.

Devaneio? Delírio que transborda?
A nossa vida é esse sonho escuro
Que só termina quando a gente acorda!

Guilherme Ottoni



Poema de capa da edição #39 do Plástico Bolha.

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