segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Marias sem graças a deus
Quando as horas vagam meu corpo é esfinge
A chuva ostenta as saudades
Os dedos lambem as vestes dos dias
As casas são réstias para a emancipação
E onde fica a rua mais próxima para o amor
Que eu fale reticências, asneiras, onde fica a invasão mais próxima para o amor
Onde ficam as camas, as vagas, as chupadas deliciosas
Só falo é de amor!
Então! Onde fica a voz mais fulgurante para o amor
Onde leva as ideias para o amor
Onde chama o teu amor
A Ponte
Aqui calo-me como um passarinho com dor
Calo-me como um cachorro que já não vê mais jeito para sua vida
Perambulando nestas estradas úmidas e não sabendo que sinal seguir
Afinal em que justo é o mundo?
Não é!
Lá de cima gostaria só de festejar com minhas amigas, vestir
roxo e beber um bom vinho nos próximos dias que se sucedem
Daqui a pouco se rasgam as plumas
E a voz ficará a estupor nesta latitude
As lambidas de sangue
Serão os clowns destas noites frias
As mulheres rasparão as cabeças
E os cílios verterão em Marias sem graças a deus
Raspo e me dispo como ser quem sou e não quero saber dessa
tua repressão me talhando os olhos
Não quero saber se antes não entendia o que é ser mulher
Hoje entendo
E sei aos versos que físico é o espírito que amplia
As costelas dessa bela Maria sem graças a deus
E que aqui neste terraço imenso de dispersão
Quando até maribondos fazem morada em nossos mamilos
O casulo sai para a liberdade
E o cordão que de mais virtude é
Cresceu e virou mulher
Marias sem graças a deus
Marilene Vieira
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