quinta-feira, 4 de março de 2021

Um poema de Yasmin Barros

o volume das horas diz que é tarde
mas o olhar ainda traz algum alento.
o copo de cerveja acaba lento,
a cachaça na boca já não arde. 

o assunto na mesa se reduz
a fumar um e mais outro cigarro.
o silêncio sepulcral jaz no carro,
e a bebida, mais que eu, nos conduz. 

nítido desejo, pulsão de morte.
não sei se na intenção de prolongar-me,
ou de adiar o momento maldito 

atiro-me aos braços de minha sorte,
em êxtase, a ponto de afogar-me:
o impossível queda no não-dito.

Yasmin Barros

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