Olho esta página e antevejo a ruína,
Página em branco, de mudez perversa,
Mas que antes tenha a maldição que versa,
Do que versar a maldição que ensina!
Dela desejo a inspiração divina
Para que frente à encruzilhada inversa
Ouça de Exú a irracional conversa
E cante um verso que alivie a sina!
Oh, folha em branco, Adamastor dos poetas,
Quanto de ti na imensidão do engano
Não cala as vozes tontamente inquietas?!
Certo é, escrevo, mimetizo o estoico,
E olho o papel que rabisquei sem dano
Na vala reles do soneto heroico!
Guilherme Ottoni
2 comentários:
Saudades suas dos seus poemas, querido Gui!
Parabéns pela garra na luta contra as páginas em branco!
Com amor,
Luiz.
Adorei o poema. Representa todo mundo que um dia já tentou escrever.
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