quarta-feira, 30 de maio de 2012

Quero ser Fernanda Torres



"Quero ser Fernanda Torres"

Comédia - Monólogo
Texto e Interpretação: Tiago Maviero
Assistência de Direção: Henrique Haddefinir.

Apresentações nos dias 31 de Maio e 14 de Junho.

Aproximadamente 50 minutos
Classificação 16 anos

Sinopse
Quero ser Fernanda Torres

Narra a aventura de um rapaz que acordou, se olhou no espelho, e viu que havia se transformado na atriz Fernanda Torres. Animado com o novo corpo, ele decide sair pela ruas do Rio de janeiro. A peça flerta com a comédia de erros e de situação, em uma reflexão bem humorada sobre a troca de identidade, o que neste caso, inevitavelmente se transforma também em uma discussão de gênero na sociedade.

Local: Audio Rebel. Rua Visconde e Silva, 55. Botafogo.
Tel: 3435-2692
Às 20:30h. Entrada: R$15.

sábado, 26 de maio de 2012

Labirinto Poético - versão 2.0


É hoje, 19h, a segunda edição do Labirnto Poético, com a participação do jornal Plástico Bolha!
Apareça! É gratuito e afetuoso!

Quem for de transporte público, uma boa opção é pegar o metrô linha 1 até a Estação Praça Onze. De lá, são 6 minutinhos de caminhada, já pela rua do Centro Cultural Calouste - Prefeitura RJ

Link do Mapa: http://goo.gl/maps/u36Q

Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian
Rua Benedito Hipólito, 125 – Centro, Rio de Janeiro


Do Labirinto Poético não é possível sair da mesma forma que se entrou. Literatura, rimas, artes plásticas, música, quadrinhos, rap, performance, xilogravura, repentistas, apresentações circenses, feira de publicações, troca de livros, microfone aberto, entre outros. São mais de 30 artistas por edição exibindo o que fazem de melhor para você se perder e se encontrar em meio às artes. Todo último sábado do mês no Calouste Gulbenkian.

O grande desafio dos pensadores e artistas contemporâneos, segundo Zygmunt Bauman, é recuperar a dimensão comunitária do espaço público, como forma de aprender a arte de uma coexistência segura, pacífica e amigável.

O Labirinto Poético é uma realização da Coordenação de Arte e Educação, Livro e Leitura da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, com curadoria de Lucas Viriato.


Programação Labirinto Poético:



PALCO PRINCIPAL:

Poesia: Mariano Marovatto

Músico convidado: Alice Caymmi

Grupo poético: Elllas & Os Monstros

Performance: Ângela Câmara

Show: Os Siderais


FEIRA DE PUBLICAÇÕES:

Mesa 1: Fanzine literário – Palavra solta

Mesa 2: Cultura – Espaço Cultural Interseções

Mesa 3: Fanzine Literário – Jornal Plástico Bolha

Mesa 4: Projeto literário – Os 1001 pesadelos

Mesa 5: Editora – A Bolha


TELA EM BRANCO:
Artes plásticas: David Salazar


CURADORIA ABERTA:
Mesa institucional: Lídia Orphão
(Recebimento de material; Troca-troca; Microfone aberto e mais)

EVENTO GRATUITO!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Debate aberto sobre poesia!


Debate aberto sobre poesia com a participação de nossos poetas Mariano Marovatto e Masé Lemos!

terça-feira, 15 de maio de 2012

África Diversa


Participe da segunda edição do África Diversa no Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian. As inscrições do Seminário estão abertas. Saiba mais no site: www.africadiversa.com.br.

domingo, 6 de maio de 2012

CASO PERDIDO ou um chopp com Shopenhauer


Tem um pentelho no meio da minha cama.
No meio da minha cama tem um pentelho.
Tem uma mancha de porra no meio do lençol,
teu cheiro em meu travesseiro e um resto
do gosto de teu corpo em minha boca.

Mas o que bate, me enlouquece e arrasa
é este pentelho no lençol vermelho, encravado,
no meio da minha cama. Era teu. Não é mais.
Nunca mais será teu. A partir de agora,
faz parte de mim e da minha história.

Tem um pentelho no meio da minha cama.
No meio da minha cama tem um pentelho
que vai ficar pra sempre, ainda que eu queime
os lençóis , que troque de cama, se passem os anos
e eu mude de estado, dimensão ou plano.

Cairo Trindade

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Labirinto Poético


É amanhã, 28/04, a partir das 19h, no Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian, a estreia mundial do evento Labirinto Poético, que contará com a participação do jornal Plástico Bolha e do Espaço Plástico Bolha, entre diversas outras atrações. Venha ver, ouvir e sentir as mais variadas formas de artes. Microfone aberto, rock'n roll e muito mais! Tudo grátis!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Quinta-feira tem CEP 20.000!


 

ursa pândega e baguonça pintada, podem engomar suas melissinhas. quinta tem cep. eu não perderia. até porque nunca se sabe quando teremos outro. vá. aproveitem que tem urubucamelô. e além do mais, sem a ursa e sem a onça, jacaré não avonça.



cep vinte mil
bebendo beats

ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO
QUINTA – 26 / 04 – 20:30 – 5 reais.

20:30 :
cinecep – URUBUCAMELÔ – Fernando Gerheim.

21:00 :
Chacal

Douglas Pedra
Luca Argel
Rafael Sperling
Sérgio Serra Blues (banda)

22:00
Beatriz Provasi
Sílvio Barros
Ana B + Raíssa G + Augusto G
Lucas Viriato (Espaço Plástico Bolha)
Pedro Rocha

23:00

terça-feira, 24 de abril de 2012

RESERVA + PALAVRA



É nesta quinta-feira, às 18h, no Arpoador, o evento Reserva + Palavra, organizado por nosso amigo de bolha Pedro Rocha. Na programação dessa semana: Alexandre Dacosta, Kyvia Rodrigues, Lucas Viriato, Rodrigo Lima, além dos poetas do microfone aberto. A entrada é franca. Venha e aproveite!

sábado, 21 de abril de 2012

Ajude o Plástico Bolha no Catarse!





Caros leitores, autores, colaboradores e amigos do jornal Plástico Bolha,

A edição #32 do Plástico Bolha está no Catarse!

Para aqueles que não conhecem, o Catarse é um site de crowdfunding, ou seja, uma plataforma de arrecadação colaborativa, onde as pessoas podem doar a quantia que quiserem e receber recompensas pela ajuda.

Há seis anos, o jornal existe e se sustenta com alguns anúncios e com a boa vontade da equipe e amigos. Porém, o Plástico Bolha vem crescendo a cada dia, e, após a edição #30, resolvemos convidar todos vocês a participar também do financiamento do projeto.

Entrem, assistam ao vídeo e ajudem como puderem!
É preciso se cadastrar e depois clicar de novo no link para conseguir doar!!!


O tempo voa! Portanto, não deixem para amanhã! O Plástico Bolha, a poesia e a literatura agradecem!

Contamos com a sua ajuda!

Um grande abraço,
Equipe do Plástico Bolha

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Plástico Bolha rumo ao Brasil!


Lucas Viriato, editor do Plástico Bolha e Erivaldo Silva, o carteiro responsável pela coleta dos pacotes de jornais que vão para os demais Estados.


Isabella Pacheco, editora do Plástico Bolha, e Erivaldo levando uma das levas de embrulhos para o carro. Agora eles seguem para o centro de distribuição dos Correios, onde serão enviados para Porto Alegre, Florianápolis, Curitiba, Antonina, São Paulo, Brasília, Salvador, Vitória, Vila Velha, Belo Horizonte, Juiz de Fora e outras cidades do sul de Minas e interior fluminense. Uma verdadeira diáspora de palavras!

Prêmio OFF FLIP de Literatura


Estão abertas até 30 de abril de 2012 as inscrições para a sétima edição do Prêmio OFF FLIP de Literatura. O Prêmio contempla dois gêneros literários: conto e poesia. Podem participar poetas e contistas de qualquer nacionalidade residentes no Brasil, bem como brasileiros que residem no exterior e autores de países lusófonos (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste). Criado em 2006 como parte da programação literária da OFF FLIP, o Prêmio oferecerá aos vencedores R$ 11 mil no total, além de estadia em Paraty, ingressos para mesas de debate da FLIP e cota de livros da editora Record. Os 30 textos finalistas serão publicados em coletânea pelo Selo OFF FLIP. Este ano não haverá uma categoria específica para autores residentes em Paraty. Os autores locais que estiveram entre os vencedores das edições anteriores do Prêmio serão convidados a enviar obras para serem publicadas pelo Selo Off Flip. Os organizadores entendem que o Prêmio OFF FLIP cumpriu a sua missão de identificar autores locais e agora pretendem estimular de maneira ainda mais expressiva a produção literária local publicando obras individuais desses autores. Os contos e poemas serão avaliados por escritores de expressão no cenário literário brasileiro. A premiação será durante a OFF FLIP, que acontecerá entre 4 e 8 de julho paralelamente à Festa Literária Internacional de Paraty. O regulamento com todas as informações pode ser lido no site do Prêmio [www.premio-offflip.net] e eventuais dúvidas devem ser encaminhadas para o e-mail indicado no próprio site.

terça-feira, 17 de abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Lançamento de Pintura Brasileira Séc. XXI


É na próxima terça-feira, dia 17 de Abril, o lançamento do novo livro da Editora Cobogó: Pintura Brasileira Séc. XXI. Inclui debate com Bruno Dunley, Eduardo Berliner, Gisele Camargo e a mediação de nosso amigo de bolha Fred Coelho.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Despedida para Santuza


"O que poderia dizer de novo para vocês, queridos alunos de Letras que frequentam os meus cursos de antropologia? Já exploramos algumas convergências entre os recursos etnográficos e os instrumentos de análise legados pela teoria da literatura. Procuramos também desconstruir as classificações que separam de maneira rígida o mundo da literatura de outras práticas culturais, como se a arte de escrever existisse à parte da cultura e – pior ainda – como se a realidade se adequasse às repartições departamentais. E vimos que, pelo contrário, o que se percebe como 'realidade' ordenada não passa de um caos, e que na medida em que nomeamos os fragmentos desse caos conferimos sentido às coisas e à vida."

Foi assim que Santuza Cambraia Naves abriu a sua participação no jornal Plástico Bolha, na coluna "Aos alunos com carinho" do #13. De lá para cá, foram mais de cinco anos de convivência que geraram a coluna "Por dentro do tom", onde parte de suas pesquisas acerca da antropologia da música eram desenvolvidas. Não é preciso nem dizer o quanto Santuza fará falta no Plástico Bolha, na PUC-Rio, nas Ciências Sociais e na música brasileira. Vale ressaltar o seu caráter interdisciplinar e transdepartamental, como uma pesquisadora que experimentava a vida de modo amplo e não compartimentado. Deixará muitas saudades.

Nesta quinta, às 18h30, vai haver na PUC-Rio uma missa em sua homenagem, para a qual convidamos nossos leitores, colaboradores e todos aqueles que tiveram a oportunidade de curtir a presença de Santuza enquanto ela esteve entre nós.

quarta-feira, 28 de março de 2012

É hoje: CEP 20.000!


espaço cultural sérgio porto.

rua humaitá, 163/fundos.

quarta, 28 de março

20:30 - 5 reais



20:30 = cine cep - a palavra no centro

21:00 = ana b

21:05 = felipe frutox

21:10 = dorly neto

21:15 = organismo (shala andirá e roberto pontes)

21:30 = canto cego.

22:00 = rodrigo penna

22:10 = plástico bolha.

22:20 = augusto guimaraens


mc chacal



www.cepvintemil.wordpress.com

sábado, 24 de março de 2012

Fruta-afrodisíaca de FelizPe Frutose

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Já está no ar o blog de poesia de FelizPe Frutose. Junto, o autor também está lançando o fanzine: "FRUTA-AFRODISÍACA (amostra-grátis)" São 20 poemas — sobre o amor e/ou sexo. Confira em: www.felizpefrutose.blogspot.com.
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sexta-feira, 23 de março de 2012

sábado, 17 de março de 2012

Lançamento de Formas do Nada



Está chegando o lançamento do novo livro de poemas de Paulo Henriques Britto: Formas do Nada.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Na galeria ali na Gávea

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Na galeria ali na Gávea
as paredes são gigantes
a porta dá susto de entrar
as obras tão pequeninas
nosso olhar tão distante
17.000 reais o óculos do artista
nem está tão caro, me disse um amigo
mas está caro para mim e sorriu
no andar de cima, subimos de elevador,
aquela ali deve ser importante
apontou para o canto depois do vidro
eram três sacos de lixo
uma vassoura e mais detritos
tudo muito colorido,
meticulosamente acertado
foi alertado pelo segurança
a exposição é pra cá , isso é só lixo
a porta de vidro corria
mais gente entrava
e uma gente saía
estávamos sozinhos
e as vozes eram o eco
da nossa voz na galeria

Ana Tereza Salek



Ana Tereza Salek publicou o livro de poemas "Dezembro" pela Editora Circuito.

Lançamento de "Café Para"

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Lançamento do livro Café Para, de Luiz da Franca! Com Maria Coelho, Thiago Manzo e show d'Os Azuis. 24 de março no Espaço Multifoco. Todos lá!
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quarta-feira, 14 de março de 2012

Feliz Dia Nacional da Poesia!


Neste 14 de março, Dia Nacional da Poesia, o jornal Plástico Bolha dá os parabéns e deseja muitos anos de escrita para todos os seus poetas e colaboradores. Nosso projeto se constrói com a poética de todos vocês!

sexta-feira, 9 de março de 2012

terça-feira, 6 de março de 2012

A Realidade de Valentina

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Eram quase dez horas e o pensamento de perder sua primeira aula na universidade não passava pela cabeça da jovem Valentina – apesar de tudo indicar que realmente chegaria atrasada. A maratona de exercícios fisicos a que vinha se submetendo há apenas dois meses era extenuante, porém sua condição mental hiperativa equilibrava-se em uma paz e bem-estar recém conquistados por ela. O médico do posto de saúde acertara. Agora, dormia bem, alimentava-se sem excessos e sentia que tinha pensamentos ordenados como nunca antes na vida. O momento parecia perfeito: os tão desejados dezoito anos chegaram presenteando-a com êxito no Enem e a vaga na faculdade pública de letras. Num sopro, a vida apresentava-se repleta de novas emoções. O ônibus saculejava e as formas-pensamento pareciam acomodar-se àquele movimento não determinístico. Dobrava uma rua, a mente acompanhava aceitando e criando possibilidades. Carros em zigue-zague, pessoas sem parar, buzinas e roncos, falas próximas e movimentos labiais pareciam acontecer primeiro em sua cabeça, depois numa dança física embalada por um vento quente quase ininterrupto. Mal os pneus descolavam do asfalto e alguém pedia para descer, outro subia, e assim ideias seguiam trocando de lugar com pessoas. A janela embaçada refletia a luz do sol e cristalizava pontos coloridos que pareciam pequenos diamantes ali colados. Enquanto metabolizava um duplo sanduíche de atum ralado no pão de forma com pouca maionese e um suco de laranja com gelo, o corpo descansava e agradecia o calor gostoso da manhã. – Anjos moram no sol, você sabia? Não, disse Valentina. A amiga continuou falando, tecendo considerações sutis sobre terceira e quarta dimensões aqui na terra e que lá naquele pontinho amarelo moravam seres de luz que eram puro amor. – É, faz sentido, concluiu Valentina, ao mesmo tempo que um sinal verde entrava em colapso, amarelo, vermelho, e sua atenção fixou-se em quem atravessava a rua: pisavam aleatoriamente, ora em listras brancas, ora na ausência delas, as listras pretas (como insetos pousando numa zebra sem saber dizer se encontram-se num animal branco listrado de preto ou num animal preto listrado de branco). Ela mesma, com mãe evangélica e pai católico, ainda não chegara a conclusão alguma sobre sua condição existencial – afinal, era um ser espiritual vivendo uma experiência carnal ou um ser carnal em busca do espiritual? Lembrou que seu pai, apesar de velho, também tinha lá suas dúvidas. Se era a pobreza que gerava ignorância ou se era a ignorância que gerava pobreza. E pedia aos filhos que estudassem para não ficarem ignorantes e acabarem pobres, e que trabalhassem o quanto antes para poderem poupar e nunca admitissem pensar em pobreza sequer uma vez no dia. Notou algumas crianças de uniforme, e logo procurou o relógio de rua: seu irmão estava fazendo prova naquele exato momento. Por força do hábito, começou a rezar um pai nosso, pois o garoto precisava permanecer na escola pública ou não teria com quem ficar durante o dia até a mãe sair do trabalho. Pai nosso que estás no Céu... mal começara e uma enxurrada de imagens projetava-se em sequência. Pipas e nuvens, velas acesas, beijo de mãe saindo pro trabalho, o final da novela, menino novo na rua, o domingo com a vovó, calça furada, menstruação descendo, o treino da manhã... O ônibus freiou bruscamente destacando a imagem de uma boa cortada que dera no segundo tempo, seguida do olhar elogioso do treinador. – Vocês criam sua história de vida, sabiam? A mensagem do dia, sempre transmitida no final de cada treino, continha sincero afeto e torcida. – Visualizem o que querem, acreditem, hajam. Era o que ela vinha fazendo na base da intuição, e hoje sentia-se especialmente confiante e criativa. ...Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu... A ideia de um senhor de barbas e túnica branca sentado o dia inteiro numa nuvem, olhando por todos aqui embaixo, ora cuidando, ora castigando, conforme nossos comportamentos, parecia inventada demais para ser a realidade. Seu irmão já estava em sua mente, inteiro. E a ele diretamente ela dirigia pensamentos de afeto e palavras de boa sorte. Esse ato, sim, lhe parecia mais com a descrição de Deus. Beijou o irmão, acariciou-o envolvendo seu corpo em amor (como os anjos que moravam no sol fazem) e o viu saltar de alegria e abraçar os pais por ter conseguido atender o pedido de permanecer na escola do bairro. Sua mãe alegrava-se pela economia da passagem de ônibus e beijava a cabeça do garoto, olhando agradecida a filha por sua intenção manifesta. Continuou rezando e lembrou do sanduíche de atum, que a essa altura lhe parecia mais com braços, pernas e pensamentos que com alimento recomendado para o pós-treino. As primeiras mordidas supriram com eficiência agachamentos e outros movimentos preparatórios. As seguintes, maiores devido à altura exagerada do miolo de três pães de forma com recheio duplo de atum ralado e pouca maionese, pareciam voltar no tempo e fazê-la bater forte na bola, pular e bloquear com a agilidade necessária, permitir imaginar antecipadamente os ataques do outro time. A segunda metade inteira, se ela realmente estivesse criando sua própria história, encontrava-se naquele instante guardada por um transbordante ânimo adolescente ancorado em uma nova consciência amplificada e interessada em trabalhar oportunidades possíveis: logo iria transformar-se em sorrisos e perguntas no seu primeiro dia de aula.

Carlos Eduardo Costa
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segunda-feira, 5 de março de 2012

Romance

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Há prédios cheios
de pessoas sozinhas
e pouco espaço
para novos solitários.

Autoridades públicas,
preocupadas com a questão,
discursaram sobre a falta de romances.

O governo estuda
distribuir entradas pro cinema.

Todas as drogas do amor
devem ser liberadas
e não haverá impostos
sobre o envio de flores.

Será que Alice
gosta de orquídeas
ou prefere margaridas?

Sérgio Q. Medeiros



Sérgio Q. Medeiros é nosso colaborador de Aracaju, Sergipe.
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Solidão

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Acordo com um derradeiro soluço do pranto sonhado. E uma última lágrima desliza por minha face como a carícia de um beijo vindo do bem amado. Estou sozinha nesta estrada longa da qual não vejo fim, com seus alvores amadurecendo em escuridões neste meu tenebroso destino. O perfume da saudade me embriaga dando a certeza latente e angustiante de que o que foi não o será uma vez mais.

Marina V. Medeiros



Marina V. Medeiros é viúva, tem 83 anos e escreve no blog Ditos de Marina.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Poema de Joana Rabelo


a gente vai se acostumando
a viver de farelo
e migalhas
como um vira-lata
que apanha e sonha
com pão inteiro
e mesa farta


Joana Rabelo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Plástico Bolha chega ao Museu da Língua Portuguesa




Para quem pensava que museu é um lugar dedicado à memória de culturas extintas, raridades e objetos antigos, o Museu da Língua Portuguesa veio dar um novo tom à palavra, pois, nele, a ideia é cultivar, valorizar e difundir um patrimônio imaterial que não poderia estar mais vivo.
Por uma grande coincidência, no mesmo dia 21 de março de 2006, em que era inaugurado o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, um pequeno jornal começava a circular pelos pilotis da PUC-Rio: o Plástico Bolha. Desde então, os dois se dedicam a esse mesmo propósito de cultivar a literatura disseminando-a. Em ambos, vibra essa inquietação constante da língua.

Portanto, como não poderia deixar de acontecer, o Plástico Bolha finalmente chega ao museu da charmosa Estação da Luz de São Paulo. Para o jornal, é uma alegria e uma satisfação ser distribuído em um lugar onde a língua portuguesa e a literatura são valorizadas e homenageadas a todo momento. Agradecemos muito à Direção do Museu pela generosidade e por ter firmado conosco essa parceria.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

FIGUEIRA DA FOZ

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Eram de Figueira da Foz
Os meus avós.

Figueira,
Árvore sagrada,
Leitosa,
Cujos frutos
Se abrem roxos,
Testículos do outono.

Foz,
Encontro do rio e do mar,
Lá onde a areia é cor de prata
E forma uma renda
De espuma e nata
Pela costa atlântica.

Deixaram a pesca,
O sal,
Os navios,
Os molhos de trigo
E atravessaram o oceano
Rumo à América.

O vento moderado soprava,
O relógio girava na torre,
A claridade era forte na praia
Quando meus avós
Vieram de Figueira da Foz.

Um albatroz acompanhou a viagem,
Em nenhum momento se sentiram sós,
Havia um chamado,
Uma missão,
Uma voz
E aportaram no cerrado.

O tempo passou tão veloz
Desde que meus avós
Chegaram de Figueira da Foz,
Por isso há dentro de nós
Sementes de figo
E gotas do Mondego.

Raquel Naveira

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Evento de lançamento da edição #30

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O lançamento da edição #30 do jornal Plástico Bolha será na próxima quinta-feira, 09/02, às 19:30, no espaço da Editora Oito e meio, no Flamengo (Travessa dos Tamoios 32c).

Com a participação de:

Ana B.
Augusto Guimaraens Cavalcanti
Breno Coelho
Bráulio Coelho
Flávia Muniz
Isabella Pacheco
Leonardo dos Santos Dias
Pedro Rocha
Vania Osório

Venha buscar seu exemplar e assistir aos poetas lendo os textos que estão na edição. Venha que é tudo genial, gostoso e gratuito!
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Nos cafés


A letargia dos domingos minguados

Os cafés com seus livros
E petits gateaux


Na sinestesia dos odores, dores
A burguesia cheira a ar condicionado

- Dê-me um expresso, por favor.

Eu fico com uma fanta lata
E um coquetel de pãezinhos de queijo

A mochila na cadeira ao lado
Cede lugar a um moço que eu não convidei.

- Também sou poeta.

Todos somos, meu caro.


Iago Souza


Iago Souza é mineiro de Contagem, grande BH, tem 16 anos e um vasto caminho pela frente. Publica parte de seu trabalho no blog Intérprete de si.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Plástico Bolha #30 em Antonina




Na última quinta-feira, 26, o centro histórico de Antonina (PR) foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E a nova edição do Plástico Bolha está circulando por lá, nos seguintes lugares:

- Theatro Municipal de Antonina (Rua Dr. Carlos Gomes Costa, s/n - Centro)
- Maná Panificadora e Delicatessen (Rua XV de Novembro, 186 - Centro)
- Toca do Lobo Vídeo Locadora (Rua Coronel João Viana, 9 - Centro)

Plástico Bolha #30 no Sul, Brasília e Salvador


A edição #30 Plástico Bolha está se espalhando pelo Brasil!
Confira os lugares onde o jornal pode ser encontrado:

Porto Alegre:
- Centro Cultural 25 de Julho (Rua Germano Petersen Júnior, 250 - Higienópolis)
- Casa de Cultura Mário Quintana (Rua dos Andradas, 736 - Centro)


Florianópolis:
- Café Cultura, filiais de Lagoa da Conceição (Rua Manoel Severino, 669, Loja 3) e Centro (Praça XV, 352)


Curitiba:
- Museu de Gravura - Solar do Barão (Rua Carlos Cavalcanti, 533 - Centro)
- Arte & Letra (Rua Presidente Taunay, 130)


Brasília:
- Fundação Cultural Cine Brasília (EQS, 106/107 - Área Especial Cine Brasília)
- Açougue Cultural T-Bone (SCLN, 312 Bl B Loja 27)


Salvador:
- Sebo Livraria Brandão (Rua Ruy Barbosa, 15-B, Centro)


Agradecemos aos que ajudam na distribuição do PB.
Continuem acompanhando, ainda há muitos lugares onde queremos chegar!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Visão de Mundo


embrulho meus olhos
e dou de presente

Diogo Aloni

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Textualidade - Modos de usar




Nesta quinta-feira, 26, no MAM-RJ, evento com os amigos de Bolha Dimitri BR (Diahum), Ismar Tirelli Neto, Marília Garcia, Ricardo Domeneck e Victor Heringer. Não percam!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Começar


Hoje, estamos os dois tão próximos

mas amanhã, quando as paisagens deste dia

estiverem-se perdendo atrás de nossos ombros

eu terei nelas deixado inumeráveis diamantes

— você terá deixado um fardo

e, depois de amanhã, quando eu passar pelo Sahel

e encontrar tueregues que me deem um gole de água

— você terá um oásis

A vida se transformará na distância entre dois pontos

E quando houver quem possa desses pontos

nos dar as coordenadas, ficará simples compor uma equação

em que o resultado sempre será igual a zero


Danilo Diógenes



Danilo Diógenes está preparando seu livro, do qual este é um trecho. Já publicou outras vezes no Blog do Bolha e tem um poema publicado na edição #30 do Plástico Bolha, que acaba de sair.