segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Duas Sílabas, poema de Fernando Andrade

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Uma vez que o afeto se instala
no pequeno beco dos fundos
ele cresce sem respiro
sem o ar dos semelhantes
e não espera algo mais
ou qualquer algo.

Apenas a voz da gentileza
é capaz de abrir todos os ramos do bem.
Somente uma pequena doçura
que por mais incrédula
seja única em uma geração
faz o mundo desabar em céus azuis
em luas cheias e em ondas claras,
além das palavras que o sujeito pensa
(surreais nas maneiras de hoje).

Não por mim mesmo,
mas pelo bem dos meus próximos ou distantes,
que todos sejam próximos.
É o que tua voz deseja.
E não é necessário mais do que duas sílabas,
tão simples.

Duas sílabas da tua voz
para que o mundo seja um só!
Que se perpetue tua ternura entre nós.
Mas disso eu sei: quero outras de você
para outros de mim...

Pois, pêndulo me é conveniente,
o ciclo do bombear dos meus passos
faz minha locomoção,
mas, estático é meu coração
sem vida nesse planeta
no espaço em algum lugar
sem o cantar do teu dizer sincero.

Sobre a natureza é tua doçura
e já não resta escrita para representá-la
ou de alguma forma descrevê-la.
É a invenção do sentido do corpo
e do envelhecer da eternidade.

Tão pouco te ouvi,
apenas duas sílabas da tua voz.
E sobre elas
tanto sei o que dizer.
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Fernando Andrade
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