segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ralo — um poema de Diego Grando

.
Ocorre que me escorro
ultimamente
pelos ralos
em ralos pelos
emaranhados tufos
deste louro
que me é caro
e que na superfície
sempre mais lunar
do crânio
do couro
fica raso e raro
avaro
cheio de intervalos
e entradas
sem saída:
duas enseadas
de pura testa
frontes de uma guerra
piloglandular
funesta
perdida

Restam-me as quimeras
da finasterida
a ilusão dos anti-queda
no transplante uma esperança
uma espera
uma fé publicamente inassumida
a esmola dos que têm menos
os fantasmas nos espelhos
e o consolo de que os brancos
pelo menos esses
quando vierem
serão poucos
.
Diego Grando
.

2 comentários:

NavegandoeVagando disse...

Repleto de ritmo e rima tudo o que um belo poema precisa ter.

fernando andrade disse...

otimo e divertido !!!