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minhas raízes são remotas,
desvanecidas, elas remontam
assassinatos diários entre famílias
que se comunicavam aos gritos
em dialetos mortos, sob lava,
com machadinhas sem fio,
que faziam sua modesta lei
partindo ossos sem valor.
talvez daí venha a atração
por ruelas com mal cheiro
onde a qualquer momento
há possibilidade de morte.
daí talvez as letras firmes,
sem forma muito definida,
que denotam transtornos
psicológicos preliminares.
ademais, a testa proeminente,
ossos que, restantes, estalam
encaixotados em carne dura
e dizem qualquer coisa do sangue
volátil, que sobe rápido às idéias,
passos curtos na direção duvidosa,
passos curtos, de pernas amarradas
que apenas apontam trilhas, pedras,
que fundam feridas abstratas, leis.
a saúde dos olhos indica apenas
lascas de tempo sobre chão frio.
da incomunicabilidade selvagem
arregalada em suores trêmulos,
fiz a sala onde vivo dos restos.
as uvas do prazer, invariavelmente
elas terminam em restos gástricos.
fui revelado no atropelamento
de anotações absurdas, pautadas
livremente pelo ritmo das ruas.
há que se endurecer ainda mais
após a revolução sem ternura,
ser o balaio mediterrâneo feito
do calor córsego, que escorre
pela incompreensão enojada
do mistério que avança frente à face
e enche os livros de tédio e filosofia
enquanto, em quartos acarpetados de
paredes lisas, cadeiras de assento duro
premeditam a ambivalência teimosa.
os pés já não tocam mais o chão.
de partir, não suportam mais dançar
um sapateado divertido em brasa,
do agrado dos calvos de braguilhas
abertas, dos senhores recomendados,
enfileirados nas prateleiras públicas.
uma vez o Fred Astaire, hoje a ponte
desfeita a cada passo diante do nada.
como nos filmes ruins de aventura,
sem ter permissão para olhar atrás,
enquanto moedas brotam dos esgotos
da moral cívica – uma vez o maníaco
agarrado em alto-mar a gelados remos.
vejo que perdi coisas, isso é notável.
mas me faltam as marcas da escolha
conflitante – ainda acredito em deus.
não alimento escrúpulos,
sou um homem correto.
não exatamente um dândi,
operário com unhas limpas.
muito difícil é prever a amputação,
falar sem voz pela geração festiva
quando os pés se agitam em doença.
uma vez a superfície da lua, hoje a porta
escancarada – nenhum pedido de retorno.
o fracasso é o hábito,
disse aquele homem
que morreu de amor.
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Um comentário:
Gostei desse. O desfecho foi foda!
Acessa meu blog também. Vamos conversar. Poesia e Literatura. O que acha?
http://gengivasfumegantes.blogspot.com/
Felipe Ribeiro
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