Entre o som e o silêncio? Que notas existem entre o dó e ré?
Melhor, entre o dó e seu sustenido?
Que vibração serpenteia no infinito quando num surto o verso desencadeia melodia em teia?
Sou o intervalo doloroso entre o nascer e morrer.
Sou o intervalo poético entre a inspiração e o escrever.
Sou a pena que atesta serena palavra sobre a pena de existir.
Sou aquele que encena no palco da existência. Sou fé e paciência.
Sou palavra e silêncio. Um foco de luz repleto de treva, caminhando na terra e mergulhando no mar.
Sou Deus, por participação. Inércia e variação. Canto escondido, poeta entretido.
Observador observado. Viajante do Infinito. Poesia do não dito. Concreto símbolo do abstrato.
Lar amarelo da vida. Caso perdido, um achado no vale do grande nada. Contemplação completa.
Mistério. Sou o que não pensam de mim. Sou o que não sei de mim. O sorriso no rosto do palhaço.
O néctar da dúvida. Efígie mental. Caminhante elemental. Lágrima sutil. O momento de amor.
Sou um segredo: aquilo que não pode ser revelado.
Lianto Segreto
3 comentários:
"Caso perdido, um achado no vale do grande nada..."
infinito... mar... segredos...
Bonito poema! Parabéns!
entre a revelação e o segredo
a ânsia de apontar o dedo...
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