Após muito pensar percebi que sou
uma mulher de muitos amantes. E isso me faz quem sou. Eu não me importo com o
que dizem as más línguas, afinal a vida é minha. E, apenas me entrego aos meus
pequenos devaneios que me levam ao desfrute do meu pensar. Pois, nos meus
domínios eu sei que se estiver com um pela manhã, quando o devoro, brevemente,
sei que estarei livre e, logo, terei outro. E, neste vício, à tarde já serei de
outro.
Eis-me inconstante nesta minha
fome insaciante que alimenta loucamente meus delírios. E, aquém dos meus
desejos fartos, logo encontro outro amante. Essa loucura permanente me conserva
a sanidade alimentando este desejo insaciável de colecionar amantes. E sim, é
muito recompensável sentir meu vício sendo saciado à medida que minha mente se
alimenta com furor da vitalidade do que me sacia. Porém, não penses que me
entrego à promiscuidade do sentir enlevada pelo prazer da carne. Este meu vício
é simplesmente uma febre que mata minha sede.
Não antecipe o seu pensar por eu
falar abertamente de minhas aventuras (errantes? Creio que não) elas são apenas
uma parte vibrante de mim que se sobressai no meu eu. Meus secretos e secretos
amantes, embora se amontoem, não reclamam deste meu vício entorpecente, pois
eles ganham vida, justamente, quando se entregam a mim e, assim, eu ganho
muitas vidas ao mergulhar sem receios nas páginas de suas histórias viciantes.
E, em cada página eu encontro um motivo a mais para continuar colecionando meus
virtuosos amantes a cada livro que possuo.
Elãine Fernandes
Elãine Fernandes é nossa leitora e colaboradora de Arapiraca, Alagoas.
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