E se eu te disser, meu amor
[amor, sim, amor-amor, impuro,
verdadeiro, amor até a última casca de futuro, até gastar o]
, que a manta negra que nos
cobria
[nos empurrando para o
penhasco das palavras duras que não querí]
, se eu te disser que: tudo
pó? Ou: nem pó, fumaça?
[não, não, não, o calor sólido
dos corp]
Fumaça luzidia e preta
dispersa na fuligem dos ônibus e no gás metano das vacas e no escape dos
banheiros públicos; bem-casado de vapores no veio sujo das cidades.
[o nosso para-sempre numa
nuvem de mort]
E sem nem isso? Nemisso soprando mudo no cabelo imóvel
da menina.
[mas... era... havia...]
E se eu nem disser?
[... amor.]
Vivíamos um fim de tarde:
bonito e fadado
[um para-sempre solar, um caldo
grosso de delícias, um estrondo desmedido, um]
, uma morte aquém-túmulo.
Pois eis o túmulo:
.
Ana Maria Vasconcelos
Martins de Castro
Ana Maria Vasconcelos é mestranda em Literatura Portuguesa pela UFRJ e conheceu o Plástico Bolha através da Revista dEsEnReDoS.
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