quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Viagem aos seios dela


Faz tempo e tempo e tempo, mas sei que estive aqui com os pés
enterrados nesta areia e a água nos tornozelos porque o aroma é
peculiar e familiar, paira no ar, maresia áspera em mistura com
cheiro de mato molhado pela chuva invernal na beira da praia, e o
seu hálito quente e parecido com jasmim dizem que as donzelas
emanam assim e é verdade pelo menos com você no seu caso que
pude sentir naquele dia de sol recém-nascido tardio parido das
nuvens escuras que mandaram chuva para molhar o mato e fazer
surgir esse aroma misturado com o seu e também o sol saído veio
alumiar sua pele bronzeada em parte e em parte branca por sob o
maiô, que saquei, não propriamente saquei mas retirei com
cuidado, desamarrando os nós enquanto você olhava meus
desajeitados movimentos quando lhe ergui nos braços e lhe fiz
deitar na areia dura e o mar vindo e voltando em nossos corpos.

João Luiz Azevedo

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