domingo, 3 de setembro de 2017

Viagem


Uma embarcação no leito
e a lenta morte fazia sua hora.

O barco de papel trazia
um alfabeto de esqueletos mágicos.

O sol penetrava nos cabelos
das palavras doces
do livro itinerário.

No rio de símbolos
costurados pelo céu
um tapete de lágrimas.

A chuva se fez prece dos viajantes
percorrendo os papéis do vento.

Duas taças, a aliança
no ritmo dos vagalumes
a luz, acesa a espera.

O mapa do mistério da morte
amor em pedaços, sangra a lua.

A viagem pela escrita
um vazio de tempo
a bússola inumana das raízes.

O papel se mancha de tinta ácida
o rio percorre as pupilas – lenda
viajante sou de um barco maior –
o mar.

Alexandra Vieira de Almeida 

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