A Bahia da minha lembrança,
onde me banho
desde o princípio,
corre por ladeiras à boca do céu,
escapa,
mas não passa de mim.
À distância,
no encalço da imagem indefinida,
ganha a forma de um
desejo íntimo.
Alcança meu tamanho,
de mim não passa,
bate no teto dos
meus (quase) trinta anos.
Trago seu canto sem saber palavra.
O saber das ruas e das coisas,
de olhá-las
e guardá-las. Onde mais
o esquecimento, mais o amor,
não palavra,
irrompe de um gesto,
que é todo o movimento,
das folhas aos pássaros,
de perder e achar e
querer e não falar.
Tem essa Bahia o viço
da pele ingênua debaixo da barba,
donde brota já
o primeiro fio de cabelo branco.
Terra sempre nova
que por algum feitiço
hesito pisar.
Põe-se a meio caminho, noutro plano.
Bahia que é minha e
dos baianos.
Daniel Marones
Daniel Marones tem 35 anos, nasceu e mora no Rio de Janeiro, e já leu seus poemas em alguns saraus, apesar de nunca tê-los publicado.
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