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Toda vez que passo em frente aquela banca de jornais lembro que foi lá que você esqueceu dois maços de cigarros antes de irmos para a praia. Lembro também que calor úmido de janeiro não nos repelia, ao contrário nos atraia, porque nossos corpos grudados dissipavam o calor que nos consumia não por fora, mas por dentro. O mar azul, palavras que eu sussurrava em seus ouvidos perfeitamente compreendidas, apesar de não serem ouvidas. O sol agarrado aos telhados das casas, a música soando alta e continuadamente pela sala, por toda a rua, por todo o verão. Suaves delírios, o gosto do sal pelo corpo, a cama desfeita, a algazarra das refeições, o ventilador girando, girando e minha cabeça, meus sonhos girando com ele. A chuva fria no meio da noite e outros cigarros mentolados sendo acessos no lugar daqueles esquecidos em cima do balcão de uma banca de jornais na esquina da Paulista.
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Tânia Tiburzio
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5 comentários:
Tania: o texto cheira a você da cabeça aos pés...
Estranho, no lugar de imagens vc realmente transmite cheiros! Coisa rara...
Senti muito sua falta nos últimos encontros das oficinas. Boas Festas, com carinho, e até Janeiro!!
Bruna
Que belo texto!!!
Tetê
Não raro é só sentir o cheiro de suas imagens, como diz Bruna, contudo escutar o cheiro de suas palavras..que misturam langue e parole.
É bom também, poder ouvir o seu falar no quadro-paisagem da sala de seus acontecimentos.
Maurici
Tânia, caríssima, que texto mais de verdade...A gente sente tudo! bj
san
Foda!
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