O interlocutor do diálogo diz:
– Por favor, comece isso!
Os outros dizem:
– Que é que você está pensando?
– Nada, estava com a mente em branco.
– E antes?
– Nada, também estava com ela em branco.
– E como chegou a isso?
– Branco?
– Sim, seus pensamentos anteriores. O que lhe indagava?
– Bom... pensei em como as pessoas se fantasiam.
– Continue.
– Suas formas de fantasia. A fantasia amorosa, a festiva, moral, a fantasia em torno da morte, ideológica, ídolos, justos... máscaras, idas a lugares enfeitados e fantasias para suas idas a restaurantes ou reuniões em família, por exemplo.
– Tantas situações. Não se desgastou?
– Sim, e daí tudo foi ficando em branco. E quando pensei onde mora nossa hipocrisia...
– A velha e humana hipocrisia, o seu elo perdido.
– Me clareou o cérebro o fato de ser um homo sapiens demais. Os pensamentos se foram, como num suicídio. Já está ficando em banco de novo...
– Que pena. Quanto mais pensamos, mais nos afastamos das questões básicas; os defeitos primordiais do caráter ainda continuam.
– Quanta regressão aos primeiros de nós... Hahahah!
– Somos mesmo ridículos falando assim.
– Sim.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário