terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Tireoide — 1º lugar de poesia


O gel esfria meu pescoço e
a moça
diz que fala comigo quando
tiver acabado. Aquele objeto-olho
desliza so
bre
a pele da parte tão perto da
cabeça que só pensa só
pode pensar
durante meio minuto
no máximo
três talvez
cinco não
mais:

tomara que veja um treco esquisito mas o
que será aquilo?

Nada.
Tá tudo certo comigo.
A não ser esse pequeno prazer
obscuro,
pulsão de morte que mora em
mim e que me acomete
num simples
exame de rotina.

Maíra Fernandes

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