Parte I:
A mudança sempre espalha tudo e todos
nós sabemos como machuca
ver nossas coisas espalhadas por além dos limites não estabelecidos
penduradas nos fios imaginários das zonas desconhecidas
dói
como toda transformação deve doer
entretanto gosto muito de pensar que estaria morto
caso sentisse menos esperança do que qualquer tipo de sentimento
no que diz respeito à mudança.
Minhas histórias encontrando outras histórias
e novamente aquele riso de quem descobre o mundo de novo
na companhia de um semidesconhecido
ou velho amigo muito desconhecido
naquele momento
vamos ouvir canções
jogar baralho
dividir a mesma máquina de lavar
comer o arroz sem sal feito às gargalhadas
com alho e tempero pronto de alguma erva verde e fina
daí mostro um poema
ouço histórias da escola dos amores das avós
e é tudo mágico por ser novo e fresco
e um dia qualquer por algum motivo
vou chorar na frente destes já velhos novos companheiros
e depois contar uma piada
fazendo trocadilhos com palavras que acostumamos a usar
naquela semana
naquele mês
e aí que volto a desconhecer a mudança
afinal a vida sempre foi assim
rir
chorar
esquecer o sal do arroz
falar de literatura
deixar a louça acumular na pia
que pode entupir ou não
com o passar dos almoços e jantares
fumar cigarros na janela
e sobretudo existir
sentindo sem sentir
o movimento que faz a terra girar
- mudando mudando mudando -
a cada pedaço de segundo não registrado oficialmente
pelos relógios biológicos de nossos corpos-alma.
Geovani Martins
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