Quero nosso
palco com cheiro de diário amor anoitecido
Quero esse
amor como supremo
semi-Deus
enaltecido
Quero o
nosso amor cara-de-pau de porta entreaberta
Quero os
lençóis mapeando o amor, com nossas marcas
Quero o
risco freqüente de qualquer flagrante
Quero
ignorar
a campainha,
o telefone
Quero
ignorar
a minha e a
tua fome
Quero os
aplausos dos nossos corpos vadios
E todos os
ruídos que eles provoquem, sadios
Quero a
encenação dos personagens que encarnamos
Quando nos
tornamos um
Quero uma
luz leve e cansada
Te fazendo
sombra pela metade
Quero seus
urros, seus sussurros
Seja seu
quarto, seja no carro
Seja o
escondido, o proibido
Seja na
cozinha com o pão a queimar
Seja a
janela vizinha escancarada
Seja o nosso
amor descarado
Seja o nosso
amor seminu
Quero
batizá-lo nas praias
Nas margens
dos rios
Quero meu
cio
Quero seu
fraco assobio
Quero seu
lento sorriso, a sua exaustão
Pra que se
encerre, o nosso ato
Na mais
plena e bela cena
O sóbrio
espetáculo insensato
Que
interpreto
Sem censura
sem veto
Onde nosso
teto se faz o sempre
Que o nosso
ingresso seja a tênue
Fronteira
entre o sentir e o existir
Do que se
fantasia eu
Do que se
personifica ti
Pedro Rajão
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