Um belo poema de Paloma Espínola

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Quando retiro os óculos do rosto

espio, atenta, toda a cercania.

Então, o mundo se revela exposto

à vaga luz dos dez graus de miopia:

percebo as coisas pelo que suponho.

Assim, a mesa não é só uma mesa,

assim meu corpo se refaz em sonho,

sem nem saber se estou liberta ou presa.

Meu Deus, duvido tanto do que vejo,

quanto confio na vida que pressinto!

As impressões me dão um tênue beijo

e me conduzem pelo labirinto

da solidão de quem não vê direito.

No entanto, sei: somente ali eu pinto

(com os pincéis lavados em meu peito,

e o carmesim de um coração faminto)

a tela desse meu olhar estreito,

e nela, tudo aquilo quanto sinto.

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Paloma Espínola

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Paloma Espínola é poeta e cantora de mão cheia, para conferir basta dar uma passada no seu MySpace aqui.