segunda-feira, 19 de julho de 2010

Concessão, um texto de Marcus Paulo Eifflê

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A desigualdade nas interpretações será sempre um motivo de discussão. Isso é bom para programa esportivo. Tudo tem pontos de vista diametralmente opostos. Diz a regra da manutenção duradoura para um casal que intencione atravessar discordâncias que ele não pode ter tantos pontos de vista dessemelhantes manifestos gratuitamente, ou isso encurtará a vida útil da união. Às vezes, o melhor mesmo, pro bem da estabilidade do matrimônio, há quem diga, não eu, que o melhor é fazer vista grossa. Em certas ocasiões. Cada um faz a concessão que achar que aguenta.
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— Diz qualquer coisa.
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— Dizer o quê?
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— Diz que é um idiota.
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— Eu não sou um idiota.
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— Diz que vacilou.
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— Você já devia ter aprendido que as coisas não são preto no branco.
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— Eu quero que você vá colorir o quadro no tribunal, então.
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— Precisa tanta incompreensão?
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— Sai daqui, sai. Vai prum hotel. Qualquer lugar.
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— Esse apartamento é meu.
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— Não durmo com você nesta casa.
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— Fica acordada. Você não tem insônia?
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— Diz que vacilou, pede o meu perdão...
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Ele se repôs na pose, como se cedesse no seu orgulho:
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— Você me perdoa se eu disser?
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— Eu digo o que eu achar melhor.
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— Que loucura.

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— Se desculpa, fala alguma coisa do coração, pelo amor de Deus.
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— Perdão. Mas com reservas.
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— Que reservas, seu canalha?
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E ele abre os braços, dramaticamente:
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— Era virtual!

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Marcus Paulo Eifflê

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Um comentário:

Bacchini, A. M. disse...

"ada um faz a concessão que achar que aguenta"
Gostei disso!