De repente tudo se tornou tão previsível.
Acordarei e repetirei o ritual diário
Não farei nada de novo
Mas pode ser que eu conquiste um novo público.
.
O cenário não mudou
Mas reparo uma mudança:
Os atores não são os mesmos.
Ah! mas são os mesmos personagens!
Aquele ali eu já conheço
Aquela? Já interpretei muitas vezes
.
A cena se repete sempre
A emoção mais expressiva que observo?
Uma “Tensão Pré-Flash”
E que exigência a câmera nos faz!
Tão felizes, tão magros, tão agradáveis
E cada vez mais distantes de nós mesmos
.
Em que cabeça vejo os cabelos do comercial de Shampoo?
Fios lindos e saudáveis
E, voando no mesmo vento que os balança,
Uma consciência remota
.
Ria de si mesmo
Mas não chore na frente dos outros.
Não te reveles a qualquer um!
E a ti, quando te revelarás?
.
Perdemos quem somos.
.
Olhei meu rosto no espelho
Ornado de lápis, blush e batom
E me perguntei quem eu queria representar
Com aquele retrato que acabara de pintar
Fiquei aborrecida com a questão
Lavei o rosto.
E mesmo com a face limpa
Não reconheci quem eu era
.
Eu era uma tela em branco esperando qualquer cor?
Onde estariam os rascunhos e estudos que antecederam aquele final?
Era como se eles tivessem se perdido
Agora a minha verdade era aquele personagem
Do qual não era de minha autoria sua história
Mas que eu sabia de cor cada falso ato seu
.
Por que não viver ao vivo?
Falta coragem de assumir o errático
Então, simplesmente perguntamos:
- Se a suavidade existe, por que toda essa aspereza em viver?
E esquecemos que sentir é seco e sem anestesia
Camila Da Vinci
Um comentário:
Gostei muito. Postei em um blog de apresentação de poesias que eu tenho.
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