Alegre o marinheiro
em voz pausada canta,
e a âncora já levanta
com estranho rumor.
Da corrente ao ruído
me agita a pena fria.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
O barco suavemente
se inclina e se remexe,
e logo se estremece
pelo impulso do vapor.
As rodas são cascatas
de branca prataria.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
Sentado, eu, na poupa
contemplo o mar imenso,
e em meu azar eu penso
e na minha tenaz dor.
A ti minha sorte entrego,
a ti, Virgem Maria.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
De fogo, ardente globo
nas águas se oculta:
uma onda o sepulta
rodando com furor.
Rugindo, o mar anuncia
que morre o rei do dia.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
As ondas, que se mexem
como o menino a ninar,
retratam do luar
o rosto sedutor.
Geme a brisa triste
qual homem em agonia.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
Do astro da noite
um raio brandamente
resvala a minha frente
enrugada de dor.
Assim como hoje a lua
no México luzia.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
No México!... Oh memória!...
Quando teu rico solo
e teu azulado céu
verei, triste cantor?
Sem ti, cólera e tédio
me causa a alegria.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
Penso que em teu recinto
há quem por mim suspire,
quem ao oriente se vire
buscando seu amor.
Meu peito profundos gemidos
à brisa os confia.
Adeus, oh pátria minha,
adeus, terra de amor.
Ignacio Rodríguez Galván
Tradução: Yasmin Barros
O poeta mexicano Ignacio Rodríguez Galván foi o autor homenageado do VI Festival Internacional de Poesía, que está acontecendo na cidade de Tizayuca, México, entre os dias 16 e 22 de março. Lucas Viriato, poeta e fundador do Plástico Bolha, foi convidado para o Festival, e levou como presente para os nossos amigos latinos o Jornal Plástico Bolha - Edición Latinoamerica, e este poema, traduzido por Yasmin Barros, membro de nossa equipe, como uma forma de estreitar os laços entre Brasil e México. Levamos nossas bolhas para o exterior - e fomos muito bem recebidos! Que venham mais oportunidades de derrubarmos as fronteiras que (não) nos limitam.
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