— Mãe-preta, me conta uma história
— Então feche os olhos filhinho:
Longe muito longe
era uma vez o rio Congo…
Por toda parte o mato grande
Muito sol batia o chão
De noite
chegavam os elefantes
Então o barulho do mato crescia
Quando o rio ficava brabo
inchava
Brigava com as árvores
Carregava com tudo, águas abaixo
até chegar na boca do mar
Depois…
Olhos da preta pararam
Acordaram-se as vozes do sangue
glu-glus de água engasgada
naquele dia do nunca-mais
Era uma praia vazia
com riscos brancos de areia
e batelões carregando escravos
Começou então
uma noite muito comprida.
Era um mar que não acabava mais
… depois…
— Ué mãezinha
por que você não conta o resto da história?
Raul Bopp
(Esse poema, assim como Bate-Pilão foi publicado em 1932, no livro Urucungo, pela Editora José Olympio, organizado por Augusto Massi.)
Raul Bopp
(Esse poema, assim como Bate-Pilão foi publicado em 1932, no livro Urucungo, pela Editora José Olympio, organizado por Augusto Massi.)
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