o bilhete de amor
tão contido
na caligrafia miúda
perdeu-se num bolso
na lavanderia dos sanchez
— os borrões azulados
do papel alvejado
em pedacinhos, tão poeticamente
foram-se
.
foi-se também
a lavanderia
tampouco ficaram
os sanchez
.
tampouco ficou
qualquer resquício da timidez
dos olhares
qualquer um
dos ônibus circulares
e daquele fim alaranjado de uma tarde em abril
qualquer pedaço de pano
de horas a fio
noites em claro
- qualquer coisa que lembrasse
a antiga possibilidade
de um caso de amor
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Bruno Nascimento de Abreu.
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Bruno Nascimento de Abreu é leitor e colaborador do jornal Plástico Bolha. Esse é o seu poema para o desafio poético "Amores Vagos", exclusivo para o Blog do Bolha. Os dois melhores poemas concorrem ao livro "Amores Vagos", do selo Estilingues. Participe você também!
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2 comentários:
Muito lindo! Parabéns!
obrigado, tânia!
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