O cheiro da chuva entra pelo meu nariz e vai se ramificando por todos os meus
poros, minhas veias, minhas células, como se capaz fosse de me fazer florescer.
O cheiro de terra molhada me inebria e me hipnotiza, como um pêndulo mágico dos
mais eficazes, daqueles dos mais renomados encantadores, repletos de magia e
misticismo.
Mas não há terra molhada. A chuva cai sobre o asfalto quente, 30 graus de pura
civilização, fazendo a fumaça branca subir pelos ares, formando desenhos tortos
e sem sentido.
Estranhamente, o cheiro permanece. Como se tudo cheirasse a terra molhada,
lembrando-nos que a terra construída nada mais é do que terra originária
modificada.
Agora, a chuva cessa e o vento refresca o ambiente. O calor infernal de há
poucos segundos se abranda lentamente, deixando espaço para que a respiração
volte a funcionar com perfeição.
E voltando a respirar, percebo ainda mais forte o cheiro de terra molhada,
inundando-me por inteiro, como numa verdadeira tempestade tropical.
Bianca Rolff.
Bianca Rolff.
Bianca Rolff é nossa leitora-colaboradora de Belo Horizonte, MG.
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