terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sobre a língua a linguagem


sobre a língua a linguagem
sobre meu cobertor de lírios
a possibilidade de uma dança
abre a fronteira dos significados
que eu passo aí para buscar
um abraço depois do trabalho
sempre que as palavras
estiverem enxutas
podemos chacoalhar a árvore
para ver cair os frutos
amanhã cedo, numa esquina da Rua da Emancipação
numa parada de ônibus
eu posso acordar com um sorriso
no rosto e perguntar onde estou
alguém pode responder ou não
pode ficar olhando com cara de tonto
ou me chamar pelo nome
tanta coisa nesse mundo têm
nome, um homem feliz não devia ter
as ruas em transe, os sintagmas
não deviam ter, nem crocodilos
se chamássemos tudo de "aquilo ali"
seria tão bonito que um arco
íris nos faria caminhar sobre ele sem
pedir nada em troca
mas pediria sim: "não quero ser fotografado"
diria, com um jeitinho de criança
tímida ou menina que se acha feia
quando na verdade é tão bonita quanto
o horizonte retilíneo por cima das ondas
do mar



Danilo Diógenes tem outros textos publicados no blog do Plástico Bolha, além de ter sido publicado também na edição #30 do jornal. 

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