Durante uma semana rimos na mesma cama. Dormimos na mesma
cama. Durante uma semana ele me fez acreditar que era o francês mais nordestino
que eu conhecia com sua leveza de alma. No vento dos seus cabelos. No verde dos
seus olhos. Com os momentos em preto e branco. Durante uma semana ficamos
acordados na mesma cama e ele me disse ser filho de um pássaro quando enterrei
os dedos nos cabelos dele como se fosse encontrar peixes. A torre Eiffel. O rio
Sena. Labirintos. Durante uma semana tivemos tempo para cachaça e vinho e
amigos e música alta. O girassol secou. Os grãos, todos, viraram pães e massas
e tortas. Durante uma semana ele foi uma caixinha de ferro antiga de uma feira
de antiguidade qualquer que guardei segredos e poemas e fósseis e marcas.
Durante uma semana ele foi um encaixe perfeito na minha cama com seus amores
formando e sua paisagem humana delirante. Não sei quantas semanas depois ele é
como um barulho que vai sumindo ao longe e não se sabe precisar o momento exato
em que se deixa de escutá-lo. Mas ainda há música.
Franck Santos
Franck Santos é leitor-colaborador do jornal Plástico Bolha da cidade de São Luís - MA.
Um comentário:
Obg pela publicação. ..
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