De novo Junho, sob a espessa névoa,
Quando o Rio a irradia, ou quando escrevo a
Sua insistência, somos. Negais, escravos,
Que ainda tereis de serdes cruéis e bravos
E, pios, colherdes balas de borracha
Como conchas intactas ? Ninguém acha,
Creio, nesta plantação que semeio,
A violência apenas fase, meio,
Trânsito fluindo (e por vinte centavos
a menos) ao que vos abula, escravos,
A condição, e o orgulho da pele,
Digo hematomas belos, vos debele.
Almeja-se outra do rasgo em que vem-se à
Terra, e a fenda chamo violência
Que em saltá-la propõe maior vazio
Pra sofrêgos transpormos, tal Dario
Desmantelado ante Alexandre hilota.
Postulo a violência como rota
De Samarcanda e aos confins da seda
E ao pothos que ao seu largo lhe suceda.
Assim importa, nos colégios, luta
Co'os PMs da consciência absoluta
E mata-se, e há de matar-se mais
No galgar-se estas eras abissais.
Assim, o alvejado de amor entrega
As chaves viciadas, como quem prega
Lenha a lenha de uma armadilha oca.
Assim a minha prosa carioca
Sulcada, cicatriza na vitrola
Onde, pra renovar a língua, a viola.
Assim, que hoje o excesso no ar angarie-te
Entre o limes do monte e o mar, aríete
Batucando a febre aos portões do império,
Mesmo ignoto quem por fim recupere o
Teu destroço, Rio, tribo de germanos,
A pesar se leal aos Majorianos,
Se aos chefes teus brutais, se ainda ao saque
Ou outra alta poesia ; mas destaque
Dado o campo em que és forro e ninguém quis la-
vrar, oh com que soberania legisla
Tua fúria e fome na espera (requinte!)
Da pena em cada mão constituinte,
Das bênçãos que imperadores outorgam...
Se a tua maça sem nome eleita orgão
Executor da máxima censura
Nos devolve a violência que cura
Banco, cartório, jornal, toda triste
Paixão sobre o que deseja e resiste
E amaria e comporia na insurreição
Rapsódia infinda de como reis são,
Assim pare-se o Novo, assim impede-se
O brinco de Sarney, o anel de Médici.
Marco Passini
Nenhum comentário:
Postar um comentário