Sempre impliquei. Isso lá é hora de conversar? E aos gritos?
Por que me acordam tão cedo, como um reloginho, dia após dia?
Quanta falta de educação! Não conseguem gritar
mais baixo? Não, acho que não, não é de sua natureza.
Reclamei por muito tempo do alarido porque,
afinal, não preciso – e não quero −levantar junto com o sol. Não me importa se esquentou
no norte, se vai chover no sul ou se a água da lagoa, antes gelada, agora sofre
com a poluição e parece que saiu do aquecedor. É esse o assunto permanente.
No entanto, desde que passei a fotografar e a
filmar os biguás, comecei a admirar a organização do grupo, os voos em “V”,
poupando energia, a liderança revezada. Além do balé que enfeita o céu.
Pois apresento a vocês “A esquecida”. Aposto que é fêmea a ave que abandona a
turma. Uma desertora? Ou será que esqueceu alguma coisa? De fechar a janela? De apagar o fogo? Dê o seu palpite e entenda,
depois do inevitável sorriso, por que fiz as pazes com os biguás... que
continuam me acordando, mas agora não me queixo mais.
Marilena Moraes
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