É à noite que elas surgem. Naquela hora em que deito a cabeça no
travesseiro e espero o sono chegar. Quando fecho os olhos, elas se formam como
nuvens no meu pensamento. Nuvens cheias, pesadas, verdadeiras Cumulus Nimbus
anunciando a tempestade. Aí, me dou conta que enquanto minha cabeça está no
céu, meu corpo está quente debaixo do edredom.
Dizem que as ideias devem ser capturadas antes que fujam. Mas quando se
está deitado no fim do dia, essa tarefa fica um pouco difícil. Então lá vem
elas!! E a imagem das nuvens cinzentas, de repente, se modifica para milhos que
estouram e viram pipocas: uma, duas, três... ploc, ploc, ploc... E uma pequena
luta se inicia: “Levante! Levante! Corra! Pegue um papel e uma caneta para
anotar antes que elas desapareçam.” E repito: “Corra, Maria! Corra! Levante!
Levante! Amanhã elas não estarão mais aí!! Rápido, rápido!! Elas são ligeiras e
escapam da mão feito areia fina.”
Não adianta. O corpo cansado vence. Afinal, já estou deitada e acomodada
entre as almofadas. A cama já está aquecida. Tá tudo tão escuro, silencioso,
calmo e meus olhos estão ficando pesados. Já sinto os sinais do sono e meu
raciocínio está mais lento. E assim, com que para me confortar, tenho um último
pensamento antes de finalmente adormecer: “Ah, são só ideias. Amanhã eu as
anoto!”
Priska Fernandes
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