aguda,
a contorção do corpo
evoca medo,
a noite é prolixa
para o esperneamento de pretensões,
ainda que o caminho seja obstruído
pelo silêncio assintomático,
amiúde a dor esbarra
no grito sucumbido
socorro!
entre as costelas
o restilo da hipertensão,
os ductos incendeiam nevralgias
contra a imperatividade da razão,
não há controle sobre
quem paulatinamente esmorece
do leito à internação,
estreitam-se as ruas no afônico súbito,
um caminho calcinado de alusões
ao soturno alumiar,
a icterícia das vias
em vagantes suposições,
violar a pele para conter os grunhidos
tomam-no de assalto para a maca,
o exotismo das agulhas o afronta, instrumentos de açougue,
falatórios de sua composição molecular,
o decriptar do susto
ao apagão induzido
visita ao reino de nenhures,
em instantes era bípede a enaltecer
vaidades,
agora nu, coberto de eletrodos,
resvala a sobrevivência
em intubação, anestésicos
e pendões da caridade
se a morte viesse a lhe atulhar
na sujeição dos coitados,
a passagem estaria no ápice
de seu encerramento,
grafismo presumido
em um obituário de prantos
tão logo o itinerário
afunile-se novamente,
as pedras não estarão mais
para sufocar
a androfagia dos bisturis
se redime na desordem
da serventia,
subverter o destino
para improváveis façanhas,
beijar a ruína
e não se arrebatar.
Bruno Bossolan
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