quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Um poema de Gustavo Zeitel


duas tatuagens escorrendo pelos braços
e dois olhos gordos. tão gordo,
que pareciam desejar sair do rosto magro
da vendedora magra. quero sorrir com você
mais vezes.

uma espanhola olhando os livros de drummond.
não tenha medo de mim, eu também leio poesia.
você diz não me achar sexy. você não me acha sexy.
quero o divórcio, mas nem perguntei teu nome.
remorso é um arrependimento para dentro.
aquele nariz pontudo era tão bonito quanto a face
jamais vista da menina que estava na gare d’annecy.

as última vinte e quatro horas passaram igual a um tgv. tudo
é leito de rio. à noite, vou colocar meus óculos escuros
e me masturbar. não posso esquecer de tomar
o anticoncepcional. as últimas vinte e quatro horas passaram
igual a um tgv. tomo um aperol spritz. tudo é leito de rio.

gustavo zeitel



gustavo zeitel tem vinte anos, nasceu no rio de janeiro e estuda jornalismo. o submundo do meu quarto (multifoco, 2018) é o seu primeiro livro de poesias.

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