terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Blind Date, um texto de Marilena Moraes

Alto, louro, olhos azuis, mas de óculos, lentes grossas.

Baixa, morena, tão comum, olhos castanhos, sem óculos, tiques ou manias; essas coisas que marcam as pessoas.

Pela banda larga, passaram as informações. Pelas ruas de Ipanema, ela levou o carro até o bar conhecido, onde iriam se encontrar.

Alto, louro, olhos azuis. Poderia ser o príncipe montado num corcel. O seu corcel era vermelho, fácil de reconhecer.

Ela passou devagarzinho pela porta do bar. Lá estava ele, encostado no carro.

Reduziu, quase parou. Lá estava ele. Alto e louro.

Pisou fundo no acelerador.

Ele não tinha olhos azuis.

Marilena Moraes



Este texto de Marilena Moraes foi publicado na edição número oito. Bem humorado, rápido e certeiro, Blind Date é um continho maravilhoso. A concisão e a rapidez são apenas alguns dos talentos de Marilena Moraes, que além de chefe do processo de revisão do Plástico Bolha, esse ano também revisou o livro Saga Lusa, de Adriana Calcanhotto e Música, Ídolos e Poder — do vinil ao download (subtítulo sugerido por ela!), de André Midani.

4 comentários:

Pedro Ferreira disse...

O texto é bom.

Esse parâmetro de beleza...

Elisa Kozlowsky disse...

Muito bonito. Esses homens que passam...

Anônimo disse...

Ótimo texto, parabéns!

Anônimo disse...

SURPREENDENTE