Alto, louro, olhos azuis, mas de óculos, lentes grossas.
Baixa, morena, tão comum, olhos castanhos, sem óculos, tiques ou manias; essas coisas que marcam as pessoas.
Pela banda larga, passaram as informações. Pelas ruas de Ipanema, ela levou o carro até o bar conhecido, onde iriam se encontrar.
Alto, louro, olhos azuis. Poderia ser o príncipe montado num corcel. O seu corcel era vermelho, fácil de reconhecer.
Ela passou devagarzinho pela porta do bar. Lá estava ele, encostado no carro.
Reduziu, quase parou. Lá estava ele. Alto e louro.
Pisou fundo no acelerador.
Ele não tinha olhos azuis.
Marilena Moraes
Este texto de Marilena Moraes foi publicado na edição número oito. Bem humorado, rápido e certeiro, Blind Date é um continho maravilhoso. A concisão e a rapidez são apenas alguns dos talentos de Marilena Moraes, que além de chefe do processo de revisão do Plástico Bolha, esse ano também revisou o livro Saga Lusa, de Adriana Calcanhotto e Música, Ídolos e Poder — do vinil ao download (subtítulo sugerido por ela!), de André Midani.
4 comentários:
O texto é bom.
Esse parâmetro de beleza...
Muito bonito. Esses homens que passam...
Ótimo texto, parabéns!
SURPREENDENTE
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