segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Solilóquio do Príncipe

Verdade seja dita,
gostaria que ela
me desbeijasse,

transformasse-me de volta
no sapo que eu era
e criatura feliz

naquele pequeno lago
no Tennessee.
O que posso dizer?

Devolva-me as noites
quando desafiei a lua,
gorda e redonda,

a descer
e nadar nua
até a alvorada.

Esses calções de veludo,
o alvoroço que saúda
minhas aulas de canto,

a fanfarra que soa
quando engulo mosquitos,
nada aqui se compara

àqueles momentos
em que ela despia o manto,
testava a água

com os dedos do pé
e afundava, prateando
o lago escuro

e nadava ao som
do barítono retumbante
do meu gracioso grasnido.
.

Tradução de Luisa Noronha para o poema The Prince's Soliloquy, de Ricardo Sternberg. Realizada com a supervisão do professor e tradutor Paulo Henriques Britto.

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