Mote: Para ambos, o suicídio não foi pecado, mas castigo.
O que seria o suspiro
Sem ter por quem suspirar?
Contra a solidão conspiro
A favor de suplicar
O perdão para o casal
Que junto permaneceu
No pecado mais mortal.
Conhecemos Prometeu
Cujo fogo tem trazido
Não só a sabedoria
Para humanos mais franzinos,
Mas também a orgia
Para os mais desinibidos.
Já diante dos seus olhos
Senhores do júri, eu rogo:
Lembrem de Cleo como era,
Que maldição ser tão bela!
Concedam o seu perdão,
Que Toni já tem sofrido
De embriaguez de paixão:
Enquanto trocavam beijos
Era um colar com calor
Línguas loucas de tremor,
Seios duros como seixos
Apertados contra o peito
Muito antes de no leito
Consumarem seu amor.
Para as criaturas digo:
Não há pior castigo!
Como pena alternativa
Que eles juntos permaneçam
Como os dois eram em vida
Pois que ambos só mereçam
O veneno que os matou.
Pior pecado seria
viver como quem nunca amou.
2 comentários:
Renan, seu poema brilha.
Luciana Wendling
Obrigado, Luciana!
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