quinta-feira, 30 de junho de 2011

MARIA


Maria acordou sorrindo, sonhou com um tempo onde não havia nada, nem mesmo ela e se sentiu bem. Maria é estranha, mas se sente viva quando tudo parece morto. Maria, Maria! - chama sua irmã – Corre pra cá! Vem ver a festa! Mas ela não vai. Maria não gosta de festas. Maria não gosta de nada, nem de sonhar.

Maria é assim: morta e viva e triste e bela. Semi-perfeita em seu nome curto e beleza dura. Maria é tão blasé que nem sei como ela pode ter uma história. Na verdade ela não tem uma história, ela não tem nada, só uma descrição. Maria não faz nada, não ama ninguém, não estuda, nada aprende. Maria apenas está ali, Maria é como um rosto do outro lado da rua, você nem vê, nem mesmo sabe que ela está ali, mas lá está ela com sua vida e morte e beleza e tristeza. Maria é assim, como um flamingo pegando carona numa kombi cheia, caso você a veja apenas ri.

Maria é um eco, uma resposta vazia e mecânica que grita e grita e grita e acaba. Assim, sem início nem meio nem fim. Maria não pode ter uma história, Maria não aparece na tela nem vai ao cinema nem sabe de nada. Maria é grão de poeira que a gente sopra do dedo, é um dente-de-leão recém-soprado. Maria é o fim da picada.

Mariana D Casals

Um comentário:

Anônimo disse...

Como diria Louis Malle, "Viva Maria!"