Vive nesta ocasião subterrânea a criatura sonâmbula que faz da noite o dia inteiro e das oportunidades, travesseiro.
Sob os seus
domínios, o ofício discreto da respiração e o olhar fixo num qualquer lugar, a
ponto de dissecar a anatomia insuficiente das coisas quando não incomodado pelo
ruído da vigília.
Então, o
conhecedor de rostos anônimos, esse companheiro ausente de luzinhas
turbulentas, diálogos inaudíveis e pernas inquietas que percorre ao sabor
das estações o meridiano de destinos, lembra: “a vida fará salsicha
dos seus sonhos”. Era o que diziam, era o que queriam dizer.
Mas as
palavras que são ditas evaporam facilmente e até se condensarem em nuvens das
quais se alimenta, percorrem um longo caminho num tempo inimigo que foi
torturado até a morte sem lhe dar uma resposta.
Janina Daou
Um comentário:
Lindo!
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