Desenvolvimento de ideias potencialmente
doutrinadoras. Algumas comparações com animais, tal como nas fábulas, porém com
um cunho de dominação. Porque animais possuem uma imagem que confere o aspecto
real, a assim chamada verossimilhança, a qual parece ser nessa
contemporaneidade um pré-requisito quando se fala em formação de rebanhos. Pois
gênese de uma relação servos-mestre não é mais aceita fora de quatro paredes.
A liturgia. Continua crível, mesmo com a
proliferação de personalidades eclesiásticas. E surpreende a capacidade das
pessoas em acreditar nas múltiplas corretas interpretações de um só fato.
Surpreende por não ser obra de David Lynch, quiçá se passe em Marienbad. É um
tido fato. Posso gritar sobre esse fato, e assim ganho um programa vespertino
na televisão ou uma igreja. Se chacoalhar muitas cabeças, quem sabe um
monstruoso templo sem arquitetura?
Falo mal, falo
bem, mas passo a caixinha e jamais forço colaboração. Financeira. No céu não há
árvores, no céu não há metais. Carência das matérias-primas, por isso mando
dinheiro pronto direto para lá. Tão populoso o céu, uma densidade demográfica
incrível. E ainda a alta concentração de ozônio. Sob essa ótica, dez reais não
são, é. Pouco, quase nada. Um lado com mesquinhez, o outro não envia preciosidades
para a terra: sem chuvas ácidas, raios, inversão térmica, tempestades
tropicais, tornados. Fiquem fadados ao tédio.
Fica acordado que
sou um deus. Sou estéril, mas te criei. Sem ajuda de mulher alguma, afinal na
minha terra o atípico é a heterossexualidade. Somos homens apenas. Cada uma de
nossas costelas é uma semente sem solo para crescer. Onde há solo, as sementes
germinadas são enclausuradas louvando meu nome. E sem coroinhas. O nome vem da
admiração às coelhinhas, confesso. Interessa-me a ideia de morar num local
repleto de criados submissos e passivos. Então a coloquei em prática.
Pedro de Carvalho
Pedro de Carvalho
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