sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Fractal de Mandelbrot

(Prêmio Paulo Britto - 3o lugar - Prosa)

Certo dia — um dia comum, sem nenhuma característica especial —, andando sem rumo por ruas e portas, entrou sem motivo em uma livraria qualquer. Andava lentamente, observando sem interesse a vastidão de livros expostos. Um muito particular, entretanto, chamou-lhe a atenção. Chamava-se Fractal de Mandelbrot. Um nome incomum para um livro, especialmente naquela livraria qualquer. Não conseguindo resistir à curiosidade, pegou-o e, após o encarar demoradamente, buscou a primeira página e começou a ler.

“Certo dia — um dia comum, sem nenhuma característica especial”, começava. Por muito tempo leu, talvez para sempre, ou quem sabe durante apenas um instante. “Imaginava as possibilidades, mas tentava, sobretudo, entender.” A narrativa, enfim, terminava.

Ao fechar o livro pensativo, continuou muito tempo parado, distante, antes de devolvê-lo ao seu lugar em uma estante qualquer. Mas não conseguira abandonar as dúvidas com a obra. Imaginava as possibilidades, mas tentava, sobretudo, entender.

Leonardo Ferrari

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