Negam-nos no útero de nossas mães. Engenheiro, médico, atleta, advogado,
dizem.
Artista nunca.
Negam-nos na juventude. Hobby, passatempo, distração, criancice, dizem.
Artista nunca.
Negam-nos na vida adulta. Ociosos, vagabundos, preguiçosos, promíscuos,
dizem.
Artista nunca.
Negam-nos nos estudos. “Para quê”, “para quem”, “por quem”, “por quê”,
dizem.
Artista nunca.
Negam-nos o trocado. “Por amor”, “por prazer”, “por saber”, “por favor”,
dizem.
Por labor, por mim, por você, pra
viver, não dizem.
Não.
Artista nunca.
Negam-nos a profissão como negam-se a si mesmos. No cubículos, nas
diárias, nos plantões, nos tons de cinza, digo.
Negam-nos a profissão como negam o vazio que sentem já por hábito, por
mérito, por medo, por dentro, digo.
Negam-nos a profissão como quem aceita dar as costas, fazer coisa outra,
fazer nada, fazer silêncio, digo.
Mas enganam-se.
Artista, nunca.
Ana Luiza Albuquerque
2 comentários:
Maravilhoso!
Maravilhoso!
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