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I
Labirinto sem saída,
Te amo de um jeito simples:
Como um narcisista
Que se olha no espelho.
II
Teu rosto eterno retorna
Emaranhado de fios, novelo
De nove voltas sem saída
Que desfaço
Sete vidas fito um gato
Luminescente no sorriso
Vazio cruel e cariado
De uns dentes doces
Meu sexo
Teu rosto eterno retorna
Escorrendo por buracos, nos baixios
Se me penetra te devoro
Nove vezes sete mortes
Versus nove sem saída
Lascívia de heras na esteira
Mastigo as tripas e os espinhos
Nos teus cachos de parreira
Meu filho
Teu rosto eterno retorna
Retorcido nos escombros
Em movimento no youtube
Estático no jornal.
Na insônia redivivo
Teus nomes de desejo
O Google me devolve (obsessivo)
Silêncio perseguido
Meu surto
Teu rosto eterno retorna
Fulgurante como as trevas
Que escapa pelos olhos
Que engulo com os lábios
Farpas, pregos, língua, sapos
Coagulados na garganta (o nome)
Violento salto sem terra
Meu nunca
Teu rosto eterno retorna
Carregado de pústulas
Corroído por vermes
Descascado na tortura
Da imagem cultivada
Cicatriz no tempo
lâmina, o corpo num rosto
Forjado em incerteza
Meu deserto.
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Ana Beatriz Ferreira Batista
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Ana Beatriz Ferreira Batista foi a grande vencedora da categoria poesia com este Labirinto. O 1º Prêmio Paulo Britto é uma realização do PET do Departamento de Letras da PUC-Rio, com o apoio do Jornal Plástico Bolha. Parabéns aos vencedores!
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2 comentários:
lindo poema
inovador pero tradicional
imagético
good...
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