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Que estudar nada. Trabalho nem pensar. Eu quero casar. CA-SAR. Quero passar os dias organizando a movimentação da cozinha, definindo o cardápio da semana, hoje frango xadrez, amanhã carne assada. Meus dilemas serão que cor de cortina combina mais com o sofá da sala, jogar adubo no vaso, escolher entre bromélias, orquídeas e camélias. Serão momentos de raro prazer e contemplação, sendo deusa do meu próprio lar, orquestrando uma sinfonia sem complexidades. A vida é gozo.
Arrumar gavetas, passar o dedo na mobília para sentir ou não a poeira. Passear em devaneios pensando em que roupa de baixo escolher, eu amo meu marido e quero satisfazê-lo. Quero filhos, aos punhados, colocar a roupa suja para lavar, passar o pente no cabelo antes de levá-los para escola, mandar escovar os dentes, contar história antes de dormir. Ver crescendo fora de mim um pedaço de mim. Ensinar o pai nosso, dar um beijo na testa antes de dormir. Quero o silêncio da noite percorrendo a casa, a casa que cuido, que coordeno como orquestra, eu como maestro do lar, sentindo a brisa que percorre o sono daquele que dormem sobre o cobertor lavado com tanto zelo. Suave. Contemplar a organização das coisas no seu devido lugar, alguns objetos decifram segredos como aquele presente que ganhei da tia Dora ou, aquela miniatura, herança da minha avó. Os espaços da casa guardando outras casas, outras pessoas, outros espaços e história, e é meu dever organizar os tempos, saber das evidências sutis, escondidas. Esse é o segredo da verdadeira dona da casa, do lar, dona de si própria.
Eu quero casar, levar café da manhã na cama, escolher gravata, fazer massagem, esperar acordada. Levar sustos e ter momentos de agonia, me irritar e enlouquecer por causa da roupa suja espalhada no quarto. Casar e ser completa na felicidade e nos derivados da rotina. Amargura, não se deixe intimidar, eu suspeito sim de todas as mazelas que podem surgir de uma alma casada, mas já disse, quero casar e ser completa também inclusive na infelicidade.
Quero casar e com benção de padre.
.Arrumar gavetas, passar o dedo na mobília para sentir ou não a poeira. Passear em devaneios pensando em que roupa de baixo escolher, eu amo meu marido e quero satisfazê-lo. Quero filhos, aos punhados, colocar a roupa suja para lavar, passar o pente no cabelo antes de levá-los para escola, mandar escovar os dentes, contar história antes de dormir. Ver crescendo fora de mim um pedaço de mim. Ensinar o pai nosso, dar um beijo na testa antes de dormir. Quero o silêncio da noite percorrendo a casa, a casa que cuido, que coordeno como orquestra, eu como maestro do lar, sentindo a brisa que percorre o sono daquele que dormem sobre o cobertor lavado com tanto zelo. Suave. Contemplar a organização das coisas no seu devido lugar, alguns objetos decifram segredos como aquele presente que ganhei da tia Dora ou, aquela miniatura, herança da minha avó. Os espaços da casa guardando outras casas, outras pessoas, outros espaços e história, e é meu dever organizar os tempos, saber das evidências sutis, escondidas. Esse é o segredo da verdadeira dona da casa, do lar, dona de si própria.
Eu quero casar, levar café da manhã na cama, escolher gravata, fazer massagem, esperar acordada. Levar sustos e ter momentos de agonia, me irritar e enlouquecer por causa da roupa suja espalhada no quarto. Casar e ser completa na felicidade e nos derivados da rotina. Amargura, não se deixe intimidar, eu suspeito sim de todas as mazelas que podem surgir de uma alma casada, mas já disse, quero casar e ser completa também inclusive na infelicidade.
Quero casar e com benção de padre.
Joyce Cortez
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Joyce Cortez é de Mar de Espanha, Minas Gerais. Acompanha sempre o Blog do Bolha e tem uma amiga, que mora em Juíz de Fora, que manda, quando pode, o jornal impresso. Não é escritora, mas gostaria muito de se arriscar publicando este pequeno texto.
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