sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Blackout(s)

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Dez de novembro de dois mil e nove:
lá pras dez horas, lá pr’ além das dez
houve um Apagão desses cavernosos
que se passa nos filmes de Coppola.

Era sabido que Lévi- Strauss tinha
morrido; era sabido da baixíssima
estima de Obama; e até mesmo que uma
loura virgin pisava nas areias

de Ipanema fingindo ser moçoila
de cinema. O que mal se sabia era a
causa do drama- por que parou o trem
na Baixada, por que em Sampa madrugou

a madrugada, por que sentiu horror
o capixaba, por que o tal gaúcho
virou cabra? Nos condomínios bem
correram
............nas
..................longas,
............................largas
.....................................escadas,

nas ruas assaltaram mulherada,
teve pois velhinha hospitalizada,
teve gente morta, teve matada.
Ficou tudo preto oco obnublado

e rezou, quem sem vela, desvelado,
pro sol brotar mais cedo, entre a Calada.
À treva transcorreu de leque e abano
e de manhã disseram que esses danos

seriam facilmente reparados.
Falou-se que a culpa foi da pancada
de uns raios chulos nos circuitos caros
responsáveis por acender os olhos

das cidades, de milhões de janelas.
E ainda hoje, não importa o tempo corrido,
o brasileiro, homem desprevenido,
quando chega a noite, volta a ficar

aflito. Remexe na cama, sempre a
perguntar intrigado, ao céu de estrelas
iluminado: “será que poderei
dormir gostoso, de TV ligada,
com ventilador, co’ ar refrigerado,
ou vai rolar daquelas do Cardoso,
ou nem Deus saberá dizer de fato?”
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Flávio Cavaca
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