sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Remix musical número 1 — 3º lugar de Poesia

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Leros e leros. Que só me dão tédio.
Hoje está passando um filme de terror. O horror, o horror.
Que mulher danada essa que eu arranjei. Só me enche a paciência. Ontem, quando eu cheguei em casa, às sete horas...ela não estava.
Pobre meu pai. Mas está ficando rico.
Por trás dos edifícios. Há mais edifícios. E é difícil.
Eu tenho os dias contados, isso é certo, e não pela morte inevitável de todos nós, mas pela minha morte mesmo, mais inevitável ainda.
Fugi pela porta do apartamento. Estava muito sufocado.
Viajei de trem. Não de metrô.
O ar poluído polui ao lado. Tudo me parece poluído hoje em dia.
Viajei de trem, eu viajei de trem. Não de carro.
Um aeroplano pousou em Marte. Quero ir para Marte.
Viajei de trem. E não de aeroplano.
Queria estar perto do que não devo. E, às vezes, estou mesmo.
Seus olhos grandes sobre mim. Coisa linda.
Suje os pés na lama. Os meus já estão imundos.
Os automóveis estão invadindo. Haja engarrafamento. Entre as flores escondidas. Acho que o tempo é mesmo de esconder as flores. O auditório aplaudiu a canção. Não era minha, claro. Que eu estou no paradeiro... no paradeiro de quê?
Não é vivendo que se aprende, Odete. Mas a gente vai vivendo. E não aprendendo.
Há quem diga que eu dormi de touca. Desperdicei, mesmo, aquele que seria o período mais bonito de minha vida. Há quem diga que eu não sei de nada. Deve mesmo ser verdade, já que desperdicei parte de minha juventude. Eu, por mim, queria isso e aquilo.
Mas não consegui muita coisa. Eu quero é botar meu bloco na rua. Mas ele está mesmo no meu quarto.
Meu nome é Raulzito Seixas. Mas nem gosto das minhas músicas.
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Rodrigo Cazes Costa
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