terça-feira, 6 de maio de 2014

Cabelos brancos


A velhice mora nos cabelos brancos,
mas também nos olhares distantes de saudade,
onde os ossos já viveram demais 
e os corações já sofreram mais do que deveriam.

Vive dentro de cada solidão e angústia
que passa o corpo e a alma e a falta de 
melanina na cabeça; 
e a falta de mielina nos neurônios


Vive dentro dos sentimentos que passam calados
e dizem mais do que qualquer grito extirpado 
e forte; dizem mais do que qualquer outra coisa,
dizem mais do que minha poesia um dia quis dizer

Um olhar longe, de pedra, lacrimejante, 
com todas as histórias e todos os instantes
que um ser humano velho pode contar;
todas as angústias.

A velhice mora nos cabelos loucos,
mas também nas dores do corpo,
nas dores da alma;
nas lembranças amassadas dos diários,
nas poesias desgraçadas de uma vida

Mora longe essa saudade, e traz a velhice ao seu lado,
dá as mãos e carrega a solidão dia e noite
e espera a Catarata se alastrar
e espera o Alzheimer se mostrar
mas o amor, que hoje, velho, é solidão,
nunca morre, nunca finda, nos define:
homens de cabelos brancos, olhares distantes
e almas uivantes na solidão muda.


Galego é leitor-colaborador do Plástico Bolha da cidade de Salvador - BA, e tem outros textos publicados no blog do PB! 

2 comentários:

Ximenes Consultoria disse...

Lindo!!
Você tem futuro, achei esse texto filosófico, e nos remetem a reflexão.
Quero ver outras...Parabéns!

Anônimo disse...

Genial