Epaminondas mantém a porta aberta. Em breves raciocínios de uma mente desgastada pelo passado, Epaminondas não sabe o que escrever. Escrever seria uma odisséia em ventanias, barulhos de uma janela que afaga a luz de velas, velas que fazem-lhe lembrar do que já foi, do que teria sido, do que já aconteceu e do que não acontecerá nunca mais.
Suando em colocar palavras em minuciosos papéis, Epaminondas reencontra sua pena de ganso, empoeirada em uma gaveta, debaixo de sua cama. Fazem 15 anos que não escrevo, pensava enquando perambulava pelos mínimos metros quadrados de seu quarto. Fazem 15 anos que não a vejo, fazem 15 anos que não vou ao mar.
O aposentado peixeiro, em dias que passaram, reencontrava-se em agruras de uma paisagem estagnada por sua tristeza estática. Epaminondas nunca mais sairá dessa praia, relembrando que fazem 15 anos que não existe.
Miguel Lidya
Um comentário:
Mig, gostei muito. bem estruturado; curto mas bem compreensível
l.
Postar um comentário